A saga Hellblade 2 foi liberada dia 21 de maio para as plataformas PC e consoles, para quem tem game pass pode aproveitar.

Pessoalmente, posso admitir que o jogo mantém a essência de seu antecessor, mas vai além ao expandir as ideias dos produtores. A protagonista oferece aos jogadores uma imersão única, transmitindo de forma intensa a psicose que ela enfrenta. É essa perspectiva que torna o jogo tão cativante. Ele proporciona uma experiência vívida de como seria viver em um mundo onde apenas ela consegue enxergar o que os outros não podem.
A narrativa acompanha uma guerreira celta que enfrenta um trauma devastador. Ela perdeu o amado, viu sua vila ser invadida por vikings e testemunhou o sacrifício de sua mãe, sendo marcada como amaldiçoada – uma punição imposta por seu pai que, na verdade, era infundada. O jogo permite ao jogador sentir na pele os desafios de quem vive com transtornos mentais. É impressionante como os produtores elevaram o grau de realismo, trazendo uma experiência que reflete de forma poderosa as angústias de quem enfrenta essas condições.

A cada passo, a história te conduz a um nível surreal, onde a mente da protagonista luta para discernir o que é real. Contudo, em Hellblade 2, após os eventos de sua jornada anterior, Senua aprende a aceitar e conviver com sua condição. Neste novo capítulo, ela não ignora mais as vozes que a acompanham, o que demonstra seu esforço e crescimento como personagem.
Quando joguei o primeiro título, senti inicialmente uma grande confusão sobre o que o game queria transmitir. Porém, conforme avançava, percebi a luta interna da personagem contra seus próprios problemas. Além disso, o desejo de reencontrar seu amado era o que a fortalecia e a impulsionava a seguir em frente. Toda a jornada se passa em Helheim, onde enfrentamos deuses, criaturas sombrias e a própria deusa que governa este domínio.

No segundo jogo, além da escuridão representada pela psicose que Senua carrega, temos as vozes do “deus” ou “mensageiro”, como ele se autodenomina, que constantemente a incitam a desistir. A interpretação desse elemento fica aberta ao jogador, e a forma como você compreende essas mensagens só torna a experiência ainda mais densa e intrigante. É uma enxurrada de informações difíceis de discernir, mas essa complexidade é parte do encanto do jogo.
Os gráficos estão significativamente melhores, com todo respeito ao título anterior, e a atmosfera é ainda mais imersiva. O realismo transmitido pela protagonista é simplesmente estonteante. Embora o primeiro jogo já apresentasse uma qualidade impressionante, Hellblade 2 eleva o nível e não decepciona em nada.
O sistema de combate permanece essencialmente o mesmo, o que faz sentido, já que o foco do jogo não está em ser um Dark Souls, mas sim em contar uma história visceral e profunda sobre a jornada de Senua e os transtornos que ela enfrenta.
A única mudança que notei foi na configuração de corrida. No jogo anterior, você podia alternar entre correr e andar com um comando único – bastava apertar o botão para mudar de estado. Em Hellblade 2, é necessário segurar o botão para correr, e infelizmente não encontrei a opção de reconfigurar isso nas configurações. Pessoalmente, preferia o método do primeiro jogo, pois era mais intuitivo para mim.

Os segredos do jogo mantiveram a mesma essência do primeiro, o que proporciona uma boa imersão e reforça a conexão com seu antecessor. Gostei muito dessa decisão; ainda bem que mantiveram esse aspecto no game. No entanto, achei que os segredos do primeiro jogo eram mais complicados de entender, talvez por ser minha primeira experiência com esse tipo de abordagem. Acredito que isso seja normal.
A narração, que é ouvida durante o jogo, continua com a mesma perspectiva inicial, mas ao terminar o game, você pode jogá-lo novamente sob um novo ângulo. Isso oferece uma visão diferente da história, o que achei sensacional. Essa abordagem permite compreender melhor os motivos que levaram os personagens a tomarem certas decisões ao longo da saga.
Sobre o final, senti que ele não teve o mesmo impacto emocional do primeiro jogo. Ainda assim, é evidente que Senua demonstra estar mais no controle de suas emoções e ter aprendido a lidar com elas. A mensagem que os criadores quiseram transmitir foi clara e poderosa, mesmo que o desfecho tenha sido mais contido.
Algo que me impressionou foi conhecer mais a fundo as características de quem vive com problemas como os de Senua e luta contra eles diariamente. Isso me deixou admirado e reforçou a importância de empatia com pessoas que enfrentam esses desafios. Espero que todos que jogarem o game tirem o máximo proveito dessa experiência para entender e valorizar quem passa por isso.
Quanto à duração, terminei o primeiro jogo em cerca de 9 horas e 30 minutos, enquanto finalizei o segundo em aproximadamente 8 horas e 26 minutos. Apesar de ser mais curto, Hellblade 2 continua sendo uma experiência que jogaria várias vezes.