A Ubisoft, uma das maiores desenvolvedoras de jogos do mundo, conhecida por séries de sucesso como Assassin’s Creed, Prince of Persia, e Splinter Cell, encontra-se em um cenário desafiador. O lançamento de Assassin’s Creed Shadows, o novo título da franquia, traz à tona uma série de polêmicas e questionamentos que estão impactando tanto a comunidade de fãs quanto o mercado. Este artigo explora os problemas enfrentados pela Ubisoft com Assassin’s Creed Shadows e analisa o impacto da má gestão e das decisões de negócios da empresa.
O Fim do Acesso Antecipado e Season Pass Cancelado
Recentemente, a Ubisoft anunciou o cancelamento do acesso antecipado e do season pass de Assassin’s Creed Shadows. Para muitos, a decisão parece uma tentativa de controle de dano, buscando reverter a insatisfação crescente dos fãs. Anteriormente, esses conteúdos eram oferecidos como formas adicionais de monetização, permitindo aos jogadores que pagassem para ter acesso a conteúdo exclusivo antes do lançamento oficial. Essa decisão pode ser vista como positiva no combate à monetização exagerada, mas também levanta questionamentos sobre a direção da empresa e seu planejamento estratégico.
Concorrência com Monster Hunter e o Preço da Escolha
Originalmente previsto para ser lançado ainda este ano, o adiamento de Assassin’s Creed Shadows para fevereiro de 2025 coloca o jogo em competição direta com o próximo título da série Monster Hunter, da Capcom. Essa escolha de data levantou preocupações sobre a capacidade de Assassin’s Creed Shadows de competir com um gigante consolidado no mercado de RPGs de ação. Além disso, o preço alto dos jogos da Ubisoft tem sido criticado. Em um mercado onde AAA games enfrentam forte concorrência, a Ubisoft pode estar afastando potenciais compradores ao manter preços elevados para títulos que frequentemente recebem avaliações medianas.
Polêmicas Culturais e Históricas: O Caso Yasuke e a Arquitetura
Um dos pontos mais controversos em Assassin’s Creed Shadows é a representação do Japão feudal. Desde o anúncio do jogo, a Ubisoft enfrentou críticas sobre a falta de autenticidade cultural, o que para muitos fãs de longa data foi decepcionante. A decisão de incluir Yasuke, um samurai de ascendência africana, gerou discussões acaloradas sobre a veracidade histórica e a maneira como a Ubisoft tem lidado com a representação de diferentes culturas. A inclusão de elementos arquitetônicos chineses, por exemplo, foi duramente criticada pela comunidade japonesa, levantando questões sobre a pesquisa e o comprometimento da Ubisoft em manter a autenticidade histórica — um dos pilares da franquia Assassin’s Creed.
Além disso, a Ubisoft foi criticada por supostamente contratar um consultor falso para a elaboração do enredo, o que desmoralizou ainda mais o compromisso da empresa com a precisão histórica. Esses erros estratégicos e de pesquisa mostram uma desconexão preocupante entre a empresa e sua base de jogadores, muitos dos quais são fãs da autenticidade histórica que a franquia já ofereceu.
Gestão e Direção: Ubisoft em Queda Livre?
A Ubisoft vem passando por uma crise administrativa que afeta diretamente a qualidade e o desempenho de seus produtos. Em meio à queda vertiginosa de suas ações nos últimos anos, a empresa enfrentou pressão dos acionistas para substituir a liderança atual, controlada pela família Guillemot. A insatisfação dos investidores se reflete nos problemas com Assassin’s Creed Shadows, que serve como um exemplo claro de como a má administração pode afetar a confiança dos fãs e do mercado. Não é surpresa que rumores sobre uma possível aquisição por parte da Tencent, Sony ou Microsoft estejam circulando no setor.
O Marketing e o Preço dos Erros
O marketing de Assassin’s Creed Shadows também foi alvo de críticas, principalmente devido a gafes de marketing como o uso de uma katana do anime One Piece em eventos de divulgação. Além disso, trailers de gameplay mostraram falhas técnicas, como bugs em animações básicas e gráficos que não atendem ao nível de expectativa de um AAA game. Essas falhas não só mancharam a imagem do jogo, como também indicaram um problema maior: a falta de inovação e o reuso de mecânicas antigas.
A Ubisoft já foi reconhecida por sua capacidade de criar mundos autênticos e complexos, mas nos últimos tempos, a repetição de mecânicas e a falta de inovações prejudicaram o apelo de seus títulos. Hoje, o público já não tolera tantos bugs, falta de originalidade e preços abusivos.
O Futuro de Assassin’s Creed e da Ubisoft
Olhando para o futuro, a Ubisoft precisa recuperar a confiança dos fãs e reinventar suas abordagens. Isso pode incluir maior transparência nas suas práticas de monetização, um retorno às suas raízes de autenticidade histórica e uma reestruturação interna para evitar mais erros de planejamento e marketing. A possibilidade de aquisição pela Tencent ou outra grande empresa pode oferecer um novo começo para a Ubisoft, mas isso dependerá de uma série de fatores, incluindo o desempenho de Assassin’s Creed Shadows e a capacidade da Ubisoft de se reerguer no mercado.
Assassin’s Creed Shadows é um reflexo dos problemas internos da Ubisoft, mas também representa uma oportunidade de aprendizado. Se a empresa deseja retornar ao auge de sua popularidade e reconquistar a base de fãs, será preciso um esforço consciente para corrigir seus erros e repensar sua estratégia.